Avaliação Psicológica e Neuropsicológica da PHDA em Adolescentes e Adultos
A avaliação psicológica e neuropsicológica da Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é um processo clínico especializado que visa compreender de que forma o cérebro organiza funções cruciais como a atenção, a memória, o controlo emocional e o comportamento.
Em adolescentes e adultos, a PHDA raramente se manifesta através de agitação física evidente. Mais frequentemente, expressa-se por inquietação mental, impulsividade, procrastinação, desorganização ou dificuldade em manter o foco, podendo afetar significativamente o bem-estar, o desempenho e as relações interpessoais.
Objetivos da avaliação
A avaliação da PHDA em adolescentes e adultos é um processo abrangente que analisa o funcionamento cognitivo, emocional e comportamental.
O objetivo é identificar pontos fortes, desafios e o impacto dos sintomas no quotidiano.
Em última instância, pretende-se compreender o funcionamento global da pessoa e desenvolver estratégias para uma vida mais equilibrada e eficaz.
Áreas avaliadas
De forma integrada, a avaliação explora as seguintes dimensões:
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Atenção: capacidade de manter, alternar e dividir o foco atencional.
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Memória de trabalho e memória imediata: retenção e manipulação de informações relevantes no momento.
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Funções executivas: planeamento, organização, gestão do tempo, priorização de tarefas, persistência e tomada de decisão.
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Controlo inibitório e impulsividade: regulação de respostas emocionais e comportamentais.
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Flexibilidade cognitiva e raciocínio: adaptação a novas tarefas e contextos.
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Regulação emocional: capacidade de tolerar a frustração, autoavaliar-se e manter a autoconfiança.
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Impacto funcional global: efeitos dos sintomas no trabalho, nas relações, nos estudos e na vida pessoal.
Esta abordagem holística permite determinar se os sintomas são consistentes com uma PHDA ou se se relacionam com outras condições, como ansiedade, depressão, burnout ou stress prolongado.
Critérios de diagnóstico da PHDA (DSM-5)
De acordo com o DSM-5, os sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos de idade.
A PHDA pode manifestar-se em três formas distintas:
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Apresentação predominantemente desatenta
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Apresentação predominantemente hiperativa / impulsiva
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Apresentação combinada
Sintomas de desatenção
Devem estar presentes pelo menos seis sintomas em crianças ou cinco em adolescentes/adultos, durante um período mínimo de seis meses:
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Cometer erros por descuido e falta de atenção aos detalhes
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Dificuldade em manter a atenção
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Aparentar não ouvir quando lhe falam diretamente
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Não seguir instruções ou não concluir tarefas
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Dificuldade em organizar atividades
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Evitar tarefas que exigem esforço mental prolongado
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Perder objetos necessários
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Distrair-se facilmente
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Esquecer-se de atividades diárias
Sintomas de hiperatividade e impulsividade
Devem igualmente estar presentes seis sintomas em crianças ou cinco em adolescentes/adultos:
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Mexer as mãos ou os pés, ou contorcer-se na cadeira
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Levantar-se em situações em que se espera que permaneça sentado
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Inquietação ou sensação de estar “sempre em movimento”
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Dificuldade em realizar atividades de lazer de forma tranquila
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Falar em excesso
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Responder antes de ouvir a pergunta completa
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Dificuldade em esperar pela sua vez
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Interromper conversas ou atividades alheias
Outros critérios
O diagnóstico requer ainda que:
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Os sintomas estejam presentes em dois ou mais contextos (por exemplo, casa e trabalho/escola)
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Haja impacto significativo no funcionamento social, académico ou profissional
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Os sintomas não se expliquem por outra perturbação
Como é realizada a avaliação
A avaliação da PHDA deve ser conduzida por psicólogos(as) com formação específica em avaliação psicológica e neuropsicológica, recorrendo a protocolos cientificamente validados.
O processo pode incluir:
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Entrevista clínica detalhada: recolha do percurso de vida, dificuldades desde a infância e impacto atual dos sintomas.
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Instrumentos psicométricos padronizados: aplicação de questionários e escalas que avaliam frequência e impacto dos sintomas.
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Avaliação neuropsicológica: testes que exploram atenção, memória, funções executivas, flexibilidade cognitiva e raciocínio lógico.
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Entrevistas complementares: quando possível, recolha de informação junto de familiares, colegas ou parceiros.
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Devolução clínica: integração dos resultados num relatório individualizado, acompanhado de uma sessão de feedback clínico com recomendações.
O que torna esta avaliação diferente
Esta avaliação oferece um mapeamento completo do perfil cognitivo e emocional, identificando recursos, competências e estratégias de adaptação.
É particularmente indicada para quem:
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Sente dificuldade em manter o foco, organizar-se ou concluir tarefas;
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Vive em sobrecarga mental;
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Experiencia frustração, impulsividade ou desorganização persistente;
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Tem um percurso académico ou profissional irregular;
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Procura compreender melhor o seu funcionamento e potenciar o seu bem-estar.
Resultados e próximos passos
Após a análise, é realizada uma sessão de devolução clínica com recomendações personalizadas, que podem incluir:
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Acompanhamento psicológico:
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Psicoeducação, para compreender a PHDA e reduzir o autojulgamento;
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Treino de competências executivas (organização, planeamento, gestão do tempo);
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Estratégias de autorregulação emocional;
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Encaminhamento médico, quando indicado.
O objetivo é promover autoconhecimento, autoestima, equilíbrio emocional e desempenho funcional.
Conclusão
A avaliação da PHDA é um passo essencial para compreender o próprio funcionamento mental e reformular padrões de vida que geram frustração e desgaste.
Com acompanhamento adequado, é possível desenvolver estratégias eficazes, reforçar a autoconfiança e construir uma vida com mais estrutura, tranquilidade e propósito.




